Rei de lata
Acho que das descobertas aleatórias de conteúdos, o Rei de lata foi, de longe, uma das melhores do ano. Uma webtoon nacional criada por Jefferson Ferreira disponibilizada gratuitamente pela plataforma Tapas.
Aparentemente temos mais uma distopia com superheróis regada a doses de violência e críticas ao capitalismo... mas passada essa camada inicial temos uma história com bastante personalidade. Temos uma trama onde existem crianças com habilidades especiais guerreando com os adultos remanescentes de um planeta recém destruído.
É evidente que a obra tem várias semelhanças com outras histórias: uma mistura de Xmen com Capitães de Areia e um cheirinho de One Piece. Mas aí que tá a lindeza, o todo é maior que a soma das partes. Já vimos vários artistas renomados se destacarem (alô Tarantino) por essa habilidade de mesclar gêneros e temas criando algo completamente novo a partir dessa salada. Enxerguei aqui um destes casos, inclusive é complexo distinguir onde enquadrar. É graphic novel? É mangá? É gibi? Tem diferença?
Os desenhos são uma genialidade a parte. Pela periodicidade e formato, era possível de imaginar que não teríamos uma constância na qualidade das ilustrações, mas ledo engano. Passaram-se anos e só notei a melhora do traço e dos detalhes de cada página. Temos personagens com bastante originalidade, seja na caracterização ou na construção da habilidade especial. Além disso, os enquadramentos são muito bem pensados para o formato potencializando, e muito, a narrativa a partir das ilustrações.
Na data de hoje, a obra ainda não está concluída. Tivemos o fechamento de um grande arco nestes 74 episódios disponíveis para leitura em 4 fascículos impressos. Pelo meu sentimento, a história está no seu clímax. Peças foram distribuídas no tabuleiro e objetivos estabelecidos, agora teremos a evolução em caminho da conclusão.
Rei de Lata poderia facilmente estar em um selo dos grandes Shonen japoneses ou na pasta de um grande produtor de Hollywood. Espero realmente que tenha mais reconhecimento em solo tupiniquim.