O manual do mago frugal
Acho que já devo ter contado por aqui mas eu leio com o Arthur desde que ele nasceu. Comecei lendo para ele, depois ajudando ele a ler e por fim lendo com ele. Com ele mais velho, já com 8 anos, resolvi tornar essa experiência ainda mais divertida e já que íamos ler juntos, trazer algumas leituras clássicas para experimentar o quanto ele havia amadurecido enquanto leitor. No ano passado lemos: O Hobbit, As crônicas de Nárnia, Guia do Mochileiro das Galáxias, Os últimos jovens da terra, Dom Quixote em quadrinhos, etc. Ele se saiu extremamente bem! A ponto de neste ano eu permitir ele trilhar essa jornada agora de maneira independente. Acabei de ser graciosamente surpreendido com uma nova fase, a que ele me indica leituras.
Conversando com um amigo sobre leituras, ele indicou para o Arthur esta obra do Brandon Sanderson. Não conhecia essa vertente infanto-juvenil dele, e o Arthur se empolgou já pelo nome (que é muito bom, por sinal). Ele leu em questão de dias e já veio me trazendo que eu deveria ler também. Foi uma indicação mega acertada! O livro é muito gostosinho de ler. Ele é meio que um Isekai, o personagem principal acorda no meio de um mundo distinto, sem memórias, e vamos descobrindo quem ele é, e o motivo de ele estar ali, junto com ele. Foi até engraçado, alguns dias após eu iniciar a leitura o Arthur me perguntou o que eu estava achando e eu respondi algo como "tô achando divertido mas tudo ainda está meio confuso" e ele respondeu "Claro! O personagem principal está com amnésia, não tem como fazer sentido".
Na postagem sobre Split Fiction eu divaguei um pouco sobre o que caracteriza uma fantasia ou uma obra de ficção científica. Este livro consegue estar nos 2 gêneros ao mesmo tempo, e essa é a grande sacada desta obra.
🚨 Área com spoilers 🚨
Eu adorei a ideia de que em um mundo (de ficção científica) com infinitas realidades paralelas, seria possível uma delas ter algo próximo do que nós consideramos como magia. Coloca-se isso na idade média e temos um casamento surreal de fantasia com ficção científica. Vikings lutando contra soldados com armas laser. Outro detalhe legal é a exploração de como coisas "básicas" como ilustrações realistas podem soar como magia para quem sequer viveu o período renascentista. Por outro lado, o final ser uma "briga de deuses" foi algo que achei meio bobo e despropositado. Dava para ter resolvido tudo ali na bravata e briga de espadas.
Os plot twists no geral foram bem anticlimáticos. A Jen estar viva não contribuiu em quase nada para a trama, nós já estávamos com o sentimento do amigo dele ser um egocêntrico, o Jhonny já estava desenhado como um loser, a Seffawyin já estava caidinha por ele. Não sei bem o que o autor tentou contribuir além de tentar chocar.
Mas sinceramente, todos esses pontos negativos são bem minoritários considerando o público-alvo da obra.
Descobri que este livro faz parte de uma saga de livros do Brandon Sanderson no mundo d'O caminhos dos reis, livro que já mencionei estar lendo anteriormente.