Guerra culinária
Um gênero que tá sempre rolando aqui por casa são reality de comidas. Todos somos aficcionados pelos mais diversos programas, e isso é uma das coisas legais, tem para todo gosto. Assisto Masterchef BR desde a primeira edição e ainda me empolgo a cada edição, mesmo achando que já está ficando um pouco repetitivo. Até mesmo os diferentões como Mandou bem caiu em um loop de muitas edições, em múltiplos países e já não soa mais original. Um que eu gostei muito e torço de paixão que tenha uma nova temporada é o [Cozinhando o impossível](tab: https://www.netflix.com/watch/81152744), fica aí a dica.
Então foi uma grata surpresa cair neste programa coreano. Guerra Culinária é uma competição onde reune-se 80 chefs de cozinha "comuns" da Coréia do Sul para tentar vencer 20 chefs "renomados", alguns deles com várias estrelas Michellin, com o objetivo de apenas um ganhar no final. A primeira vista eu caí no mito da carteirada, não tem como um chef autodidata que aprendeu algumas receitas lendo quadrinhos ganhar de um chef conhecido internacionalmente, certo?
O que a Coréia do Sul fez por sua cultura é algo muito admirável, um país do tamanho de Pernambuco conseguiu difundir seu modo de vida, seus costumes, suas músicas, seus filmes para todo o globo. Eu confesso que não acompanho muito, logo, ao assistir este reality tudo soou muito diferente, e digo um diferente bom.
É tudo muito apoteótico, provas com quase 50 pessoas competindo ao mesmo tempo, ou uma votação simultânea de mais de 100 participantes,
ou uma mesa de jantar redonda com 20 lugares, tudo soa imenso e megalomaníaco, sempre focando esteticamente na apresentação desse grande banquete. Mesmo quando a quantidade de pessoas vai diminuindo, essa semiótica abrangente continua através das provas.
Colocar múltiplos chefs asiáticos cozinhando pratos coreanos nos apresenta as coisas mais saborosas possíveis, eu não sabia que eu precisava tanto comer um Dong Po Rou até ver isso sendo apresentado na minha frente. A máxima aqui em casa é que precisamos achar um restaurante coreano em Curitiba para matar nossa vontade.
As provas são bem criativas, procurando sempre reforçar como a culinária oriental é bem versátil e se comunica muito bem com os ingredientes mais comuns no ocidente. Inclusive, você nota que este é um fator muito utilizado pelos jurados, em como a culinária coreana pode ser consumida por pessoas não adaptadas aqueles sabores, reforçando o ponto de que esses produtos culturais visam difundir o universo coreano para todos do planeta. \ Trago um destaque para a prova dos restaurantes, que achei a dinâmica muito bem pensada de focar no custo/benefício quando se sai para comer. Ainda mais por ser uma prova que levou muito tempo, onde o cansaço físico impactou nas entregas, tudo isso considerando a possibilidade de você ir adaptando os pratos sob a necessidade dos clientes. Confesso não gostar nenhum pouco da cultura Mukbang. De maneira geral, isso eu achei um ponto negativo, não gosto de barulho de pessoas comendo, mesmo entendendo que isso é cultural, me trouxe muito incômodo.
Apostaria dinheiro que o MasterchefBR desse ano vai copiar várias das dinâmicas apresentadas no Guerra culinária.
🚨 Área com spoilers 🚨
Pra mim ficou óbvio que o chefe Edward Lee não ia ganhar. Eles não iam dar o prêmio de melhor chef da Coréia para um "americano". Se, como mencionei acima, o objetivo da obra é enaltecer a comida oriental, soaria um tiro pela culatra entregar isto para um cara com seu desenvolvimento profissional inteiramente no Ocidente. Mas vou ti dizer, que cara criativo da porra! Fiquei até com vontade de assistir o Iron Chef que ele ganha para ver ele explorando essas habilidades com pratos que eu conheço melhor.
Achei a prova do inferno do Tofu muito boa! Impressionante como eles conseguiram fazer tantas coisa diferentes com um ingrediente aparentemente sem graça.
O Arthur começou a torcer para o Mafioso Napolitano desde o primeiro episódio, é impressionante esse super poder dele 🤣